Dan de Escorpião x Dione de Dragão Marinho [CS 3.0]

Ainda mal posso acreditar...
Enganados por um verme corrupto e insano. Só de pensar, meu sangue ferve. Durante todo esse tempo, aquelas cortinas nunca abrigaram ninguém. A não ser a vil mentira que regeu este Santuário. E, no fim, bastaram apenas cinco jovens nutridos de amor, fé e coragem para nos mostrar a verdade. O Santuário de Athena ainda se recuperava do que poderia ser talvez a sua maior tragédia - não, nem mesmo o ataque de Cronos anos atrás fora tão...humilhante - e uma nova ameaça interrompe nosso breve período de paz. Desta vez, no entanto, nosso inimigo vinha das colinas gélidas de Asgard.

"Cheguei em Rozan.
O que pode ser tão grave?"

...ou talvez não...

- Mestre Ancião.
Perdoe-me pela petulância, mas há pouco tempo atrás fomos proibidos pelo senhor de abandonarmos nossos palácios. E agora, no entanto, estou aqui em Rozan segundo suas ordens. Enquanto isso, Athena sofre no Reino Submarino e o planeta está cada segundo mais perto da destruição. E, mais uma vez, jogamos o peso da nossa responsabilidade nas mãos daqueles cinco jovens.

O Mestre, sempre em sua extrema calma e sabedoria e agora patriarca interino do Santuário, soube utilizar-se de minha euforia. Com palavras sábias, mais uma vez me alertou de que nossa tarefa é outra e nossa vigilância deve ser constante. Mas, assim como das outras vezes, recusou-se a dizer que perigo é esse. Obviamente, isso não me deixou mais calmo. Mas o que veio a seguir serviu como um alento do qual eu precisava há muito tempo.

- Ir a Asgard?!
Achei que os Cavaleiros de Bronze tivessem livrado aquela terra de seu destino...
Mestre, não é no Reino de Poseidon que se concentra o perigo?

"Finalmente posso exercer minha função de Cavaleiro de Athena. Ainda assim, isso me deixou curioso.
O que teria feito o Cavaleiro de Libra mudar de idéia tão subitamente e permitir minha saída do Santuário?"

Parecia que o Velho Mestre tinha lido meus pensamentos. Ele me interrompeu prontamente e me deu instruções específicas de ir atrás de um certo General Marina que havia se infiltrado no território nórdico há muito pouco tempo. Ele e somente ele deveria ser derrotado pelas minhas mãos. Segundo o Ancião, este homem possui um cosmo facilmente reconhecível pela carga altamente pesada que possui. Mesmo tentando adentrar Asgard sorrateiramente, pôde ser sentido pelo Velho. Concentrei-me e pude sentí-lo. Havia algo de estranho...esse cosmo parecia estar enfurecido. Mesmo em Rozan, ele poderia ser sentido e isso era um sinal de que não se tratava de um homem qualquer, mas de alguém que escondia um poder oculto tremendo. Era imprescindível meu breve retorno ao Santuário, entretanto."

- Muito bem, Mestre. Estou de partida.
Garanto-lhe que isso será rápido...e doloroso.

Como poderia pensar de outra forma?
Até os Deuses falharam em sua missão de eliminar-nos, os Santos Dourados de Athena. Não seria um mero covarde irritado que o faria. Com exceção do discípulo de meu prezado amigo, jamais igualaram-se a mim. O Velho Mestre me disse que ele poderia causar um prejuízo à Humanidade que, talvez, fosse irreparável caso fosse deixado de lado. Será que o Mestre conhece a sua identidade? Bem, em pouco tempo, isso não vai importar.
Então, esta é Asgard. De fato, aquele cosmo torna-se cada vez mais fácil de se notar. Parece que ele espera por algo. Agora que os Guerreiros-Deuses se foram e Hilda, sumo-sacerdotisa de Odin, está desprotegida não consigo imaginar o que, então, ele estaria esperando. Talvez...a morte. Hmph...é mais forte do que eu, não consigo evitar.

"Muito bem, sabendo que Poseidon foi o responsável pela tragédia que ocorreu aqui, não me admiraria se esse homem tivesse como missão findar a vida de Hilda. Portanto, ele não quer ser perturbado. Vou utilizar isso ao meu favor."

Expandi meu cosmo de modo que ele pudesse ser notado facilmente naquela região e fui de encontro ao cosmo dele. Esperei que ele fizesse o mesmo, sentindo-se ameaçado. Na pior das hipóteses, teria que caçá-lo. Mas assim ele saberia que não está mais sozinho. Sejam quais forem seus planos, ele não escapará de mim.

- Isso mesmo, venha. Eu posso sentí-lo. Não desperdice o meu tempo!

Eu posso sentir os cosmos dos garotos de Bronze queimando, honrando seu juramento de dedicar suas vidas por Athena. E não entendo por quê nós, os Cavaleiros de Ouro, devemos ficar fora disso. Mas sei que posso confiar naqueles cinco.
Muitas vidas dependem do resultado dessa guerra. Não só as das pessoas que devemos proteger, mas as daquelas que sacrificaram-se para que o futuro de hoje pudesse ser possível. Daquelas que defenderam algo até a morte, mesmo sem saber que estavam lutando a favor da causa errada.
Como pudemos ser tão...?

"Cavaleiros de Prata, de Ouro...Hmph, é perda de tempo pensar nisso agora. Mas...ainda assim..."

Talvez eu me sinta um pouco responsável. Daidaros...a Ilha de Andrômeda...tudo o que posso fazer agora é garantir que tudo pelo que eles lutaram não se perca. Shun...
Não, eu devia me concentrar no presente e não lamentar o passado. Mas aquele breve momento de lamentação custou-me caro. Subitamente, não consigo mais sentir...o cosmo daquele homem desapareceu.

"Mas o que significa isso?
Até momentos atrás, eu o sentia vindo em direção a mim! A não ser que..."

O canalha resolveu brincar de esconde-esconde. Quando parecia que o encontro seria inevitável, ele se ocultou. Creio que agora ele esteja focado em mim. Aquela carga pesada desapareceu com o seu cosmo. O que quer dizer que...está perto.
Muito bem...

- Ora, ora...percebeu que estava diante de alguém superior e resolveu que seria melhor tentar fugir enquanto é tempo. Não adianta se esconder, patife.

- Eu vou encontrá-lo.
E então, você se arrependerá de ter vindo a este lugar....General Marina.

Tudo bem, eu admito. Essa últma parte foi apenas para ele saber que não pode esconder nada de nós, Cavaleiros de Athena, por mais que ele acredite estar aqui em segredo. O fato de Dohko saber que ele se esgueirou do Reino Submarino pode me ajudar, afinal de contas. Resolvi queimar um pouco mais meu cosmo, para que ele não tivesse dúvidas de onde me encontrar. Vejamos o que acontece.

- Mas o que...?!

Funcionou.
Furtivamente, ele veio até mim. E, como o covarde que eu esperava que fosse, atacou-me subitamente. No entanto, este ataque não era direcionado a mim. O clima nevado já dificultava a visão a olho nu e o infeliz aproveitou-se disso para criar uma pequena distração usando a espessura de neve que cobria o solo do local.
Não havia muito tempo para reagir. Mas eu pude ouvir sua voz, em tom de deboche. Quem ele pensa que é?
Graças a isso e à instantânea explosão cósmica, aliada à direção de onde o levante de neve surgia, eu poderia esperar alguma coisa.

"Está ali!"

Tinha razão. Só houve tempo para cobrir-me com os braços e esperar pelo pior. Um raio de energia rasgou a neve e me atingiu com força. Um ataque simples, para a minha sorte.

- Aaaaaaagh!

- Ugh...maldito.

Bem, ao menos, o fator surpresa já está perdido e eu ainda estou de pé. E agora, é minha vez. O ferrão carmesim já está impaciente. Ele cresce em meu dedo indicador, como o predador ouriçado que sente o cheiro da presa e que imagina o gosto que ela possui. Queime, meu cosmo. É chegada a hora e o inimigo sabe disso. Eu sei disso.
Eu posso vê-lo em minha frente agora. Uma armadura alaranjada, exibindo um brilho portentoso, vestindo um homem alto. Lembra muito uma...escama de peixe. Com certeza, é o tal General Marina. Já posso até traçar seus quinze pontos. Mas o seu elmo cobre o rosto o suficiente para que, com o auxílio do mau tempo, eu não possa ver claramente suas feições. No entanto...

"Hmph, finalmente. Agora que ele está aqui, devo ser breve.
Mas...ainda que não consiga ver perfeitamente seu rosto...esse cosmo...por quê tenho essa sensação de que não é a primeira vez...?"

- Meu fim? Com um ataque ridículo desses?
Hmph, espero que já tenha feito suas preces, Shogun.
Vai precisar delas, a partir de agora. Seja lá qual for o seu plano, ele acaba aqui.

- Que comece o seu fim!

QUATRO AGULHAS
Locais pretendidos:
- Virilha
- Coxa direita
- Joelho esquerdo
- Canela direita

Clique na figura acima

- Ora, ora...devo admirar sua resistência, General Marina.
Nem mesmo um grito...
Mas, logo, os efeitos da Agulha Escarlate serão devastadores. Esses pequenos furos serão a causa para uma hemorragia fatal, que afetará seus cinco sentidos, um por um. E então, a dor será mais do que poderá suportar. Eu vou ouvir seus gritos de desespero. Você irá sangrar. Muito. Como um porco no abate. E você vai se render...ou morrer.

- Quinze.
O número de Agulhas Escarlates que decretam a morte de qualquer ser vivo. Mas aqueles que são presenteados com a dádiva da dor precisam de muito menos, pois a loucura os alcança antes. Olhando para você, eu acho que nove agulhas serão o suficiente. Considere isso um elogio de minha parte.
Nenhum homem comum suporta mais do que isso.

Somente um homem de verdade suportaria mais do que isso. E somente uma pessoa, até hoje, o fez.
Mas não este que está à minha frente. Fico admirado que ele ainda esteja de pé.
No entanto, ele parece saber mais do que aparenta sobre os Cavaleiros de Ouro. Ele começa a brabejar a respeito de como eu não deveria deixar o Santuário.

- Não sabe do que fala, Marina. Estou aqui justamente seguindo as ordens sagradas do Santuário. E minhas ordens envolvem a sua morte. Que azar, não?
Agora, cale-se e morra como deve ser. Você e seu Deus já causaram problemas demais a este mundo, ceifaram muitas vidas inocentes. E, ainda por cima, ameaçam a vida da Deusa Athena.
Aqueles que erguem seu punho contra a Deusa da Sabedoria têm apenas um destino. Eu te dou três chances para adivinhar qual é, que tal?

Eu jamais perderia a oportunidade de colocar esse verme em seu devido lugar.
Ainda assim, ele não pára de falar. Mas algo está errado aqui.
Ele sabe meu nome e parece que isso é algo óbvio para ele. Como se nos conhecêssemos.
Foi então que ele finalmente removeu o elmo que cobria seu rosto. Eu mal pude acreditar. Isso só pode ser uma brincadeira de mau-gosto. Que tipo de truque infantil seria esse?
Em meio àquela neve castigante, ele estava de volta.

- É...é...impossível. V-Você...está morto!
Eu vi, com meus próprios olhos, eu vi você sendo morto!
Que ilusão barata é essa?!

"O que está acontecendo nesse lugar?
Isso é impossível. Não só ele está vivo, como lutando ao lado de Poseidon!"

Algo tomou conta de mim imediatamente. Um misto de raiva, surpresa e uma porção de outras coisas indescritíveis. Era como um pesadelo que se recusava a terminar. E meu cosmo respondeu a isso. A única reação que eu poderia ter naquele momento foi mais um reflexo do que algo racional.

- Morra!

Mais uma agulha e o maldito continua a dizer asneiras. Posso acreditar que elas estão começando a fazer efeito na mente dele.
O que eu não entendo é como ele pode estar aqui. Agora sei porque o Cavaleiro de Libra estava tão preocupado. Este homem precisa ser detido aqui e agora.
Subitamente, seu cosmo inflama e suas mãos erguem-se ao ar, num gesto de invocação.

"Do que se trata isso?
Será que é..."

Planetas surgem ao seu redor. Isso só poderia significar uma coisa.
Eu precisava reagir ou seria dizimado pela técnica dele. Aquele homem, que já havia sido considerado um Deus reencarnado, não alcançou seu status à toa e eu sabia disso. O poder dele era lendário. Mas eu teria que superá-lo.

- Não vou permitir!

- Per Il Sacro Scorpio

Minha técnica defensiva pôde fazer com que eu recebesse o golpe de frente, mas era poder demais para ser controlado. Eu não conseguiria manipular a Explosão Galactica e, por pouco, não contê-la o suficiente.

- Aaaaaaaaaaaaaargh!

Logo, a neve branca de Asgard tornava-se vermelha em volta de mim. Os meus sentidos, brevemente atordoados, retornavam ao seu estado normal aos poucos. Um maldito zunido em minha cabeça me dava uma ligeira noção do impacto que sofri. Nunca havia sentido tanto frio quanto naquele momento. E a dor...tão inédita quanto todas as outras sensações.
Mas não foi aquilo que eu esperava. Algo estava...diferente. Apesar de ser a mesma técnica, faltava-lhe alguma coisa. O poder que corria nas veias daquele homem era tão similar ao do antigo Cavaleiro de Gêmeos quanto seu rosto. No entanto, a complexidade do caráter de Gêmeos espelhava-se em sua força.

- Muito bem...

- ...devo admitir que isso foi impressionante.
Mas uma cópia barata será SEMPRE uma cópia, nada mais.

- Agora, General Marina...eu lhe darei uma chance de revelar sua identidade. E, talvez, eu lhe dê uma morte rápida. Enquanto isso, eu quero que aproveite o sabor do veneno que corre em suas veias.

Era difícil manter-me em pé. Um gosto esquisito de um líquido viscoso formava-se em minha boca. Senti vontade de cuspir. E manchei, mais uma vez, o alvo solo de Asgard com meu sangue. Meu corpo doía de ponta a ponta e eu ainda sentia meus ouvidos apitarem. Mas tinha que ficar firme, ao menos enquanto aquele impostor estivesse de pé. Seu sangue já escorria livremente de seu corpo, agora era uma questão de tempo.
Como uma forma de me recuperar sem perigo, vejo-me forçado a uitilizar outro recurso e fecho rapidamente os olhos. Quando eu os abrir novamente, terei alguns minutos para isso.